sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sobre as falhas de Ensino!

Sobre as falhas de Ensino!
Tenho morado em Curitiba, trabalhando na área da Educação e continuando meus estudos há mais de um ano, mas sempre gosto de saber das notícias da minha “terrinha”: Apucarana, cidade do norte do Estado do Paraná. Por esses dias, ao ler o jornal de maior circulação na cidade e região, deparei-me com dois textos que me chamaram a atenção, no intitulado “Espaço Aberto”.
Tratava-se de dois textos, elaborados por alunos de um determinado Colégio Particular da cidade, elencado entre os melhores da cidade. Fiquei surpreso (para não dizer assustado) com as opiniões manifestas por esses dois estudantes e creio que isso deva reverberar entre meus colegas professores e leitores e deixo algumas breves questões, para serem pensadas a partir da leitura dos textos, que encaminho anexo a este e-mail. Salvaguarda aos estudantes autores dos textos, eles emitem opiniões de formação, advindas de seus “educadores”. Evoco meus colegas professores de História, Sociologia, Filosofia e ainda os professores Pedagogos a refletirem este e-mail e os textos anexos, repassem às suas listas de e-mail, divulguem e discutam, afinal estamos em uma democracia, mesmo que imersa no capital, gozando de seus efeitos catastróficos!
Pensem nessas questões:
Que concepção de Educação possui tal estabelecimento, propagada em seu Projeto Político Pedagógico?
Que concepção de currículo e de conhecimento permeia a orientação pedagógica de tal colégio? Um currículo para formação humana e de cidadão ou formação de aprovados nos futuros extintos vestibulares?
Que formação possuem seus professores? Históricos de vida? Relação patrão/professor/aluno?
Que concepção de sociedade propaga o estabelecimento de ensino junto aos seus alunos?
Que criticidade se pretende desenvolver em seus alunos?
Que leitura tal estabelecimento possui das Leis 10.639/03 e 11.645/08 entendidas junto às classes sociais economicamente excluídas da História e vítimas de um país elitista desde sua primeira constituição?
Deixo aqui estas breves questões, apenas como provocação para leitura. Sei que muitas outras podem ser levantadas e deixo isso para suas consciências de educadores, pois sei que há muito a discutir.
Apenas finalizo tomando uma certa posição: sou defensor do ensino público (pois toda minha formação veio dessa origem!) e penso que ainda existe muito a caminhar, muitas questões sociais a serem resolvidas e nossa Democracia a se solidificar.
Aos colegas, evoco o debate e repasse deste e-mail.



Curitiba, 02 de junho de 2010.




Leandro Hecko
Professor de História

2 comentários:

DELAMARX disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DELAMARX disse...

O histórico de marginalização social do povo negro no Brasil é carregado de marcas que vão se fazendo durante o processo de construção de nação. Processo este engendrado pela elite brasileira que em suas convicções sociais, em outro século, marcou a carne do povo negro com ferro em brasa feito bicho. Esta mesma elite tenta marcar a alma do povo negro descaracterizando sua luta. Triste país que precisa ter lei para garantir direito a uma parcela da sociedade que teve que cavar seu caminho com picadas no mato e se proteger em quilombo, que teve que conquistar direito através de lei para poder freqüentar bancos escolares de educação básica. Triste país em que a educação está posta para todos, mas compreendida por alguns ignorantes que direito para todos garante efetivas igualdades de condições e de acesso ao conhecimento. O “Sistema de Cotas” ao contrário do que a elite pensa, não veio descaracterizar a escola pública, até porque não é o ensino básico, nem público nem privado, que garante a vaga nas Universidades Públicas para os cursos mais concorridos e sim a máfia dos cursinhos pré vestibulares que não estão postos a toda a sociedade brasileira. Enquanto não houver vaga na Universidade para todos tal qual o é em Cuba, ou os vestibulares não mudarem o formato e se recusarem a atender a demanda da máfia dos cursos pré vestibulares, ficaremos com as “Cotas” sim, agrade ou não agrade a rede privada de ensino no Brasil. As leis são efetivadas para garantir e legitimar direito a uma parcela da sociedade. Portanto não tem obrigação enquanto lei de agradar a elite e nem precisa explicar nada. Ela é “Lei” e se basta.
Delamar A. S. corrêa/Historiadora e poetisa