segunda-feira, 10 de maio de 2010

'Azul egípcio' encontrado em altar romanesco

Uma equipa de investigadores da Universidade de Barcelona (UB) descobriu restos de azul egípcio num altar romanesco da igreja de Sant Pere de Terrassa (Barcelona). Este é considerado o primeiro pigmento sintético do mundo e era usado durante os dias do Egipto até ao fim do Império Romano – não se continuou a criar após esse período. Os resultados do estudo foram publicados no jornal «Archaeometry» .

O 'azul egípcio' ou também chamado de 'azul de Pompeia' – com uma superfície sem brilho, similar na aparência à pedra preciosa chamada lápis-lazúli – era um pigmento frequentemente usado pelos egípcios e romanos para decorar objectos e murais. Após a queda do Império Romano (476 AD), caiu em desuso e deixou de ser fabricado. O grupo de cientistas catalãs encontrou restos do pigmento no altar do século XII.

“Fizemos um estudo sistemático dos pigmentos usados no altar durante um trabalho de restauração da igreja, e verificamos que eram bastante localizados e ‘pobres’ – com terra, brancos de cal, os negros de fumo – e foi quando descobrimos de forma surpreendente o azul egípcio”, explicou Mario Vendrell, co-autor da investigação e geólogo do Grupo Patrimoni da UB.

O grupo de cientistas disse que o estudo químico e microscópico preliminar lançou a suspeita de que as amostras eram de facto correspondentes ao pigmento usado no Antigo Egipto; no entanto, para confirmar decidiram analisar os restos encontrados no laboratório Daresbury SRS, no Reino Unido, através de técnicas de radiação avançadas. Posteriormente, será possível continuar estes testes em Espanha, quando terminar a construção do ALBA Synchrotron Light Facility, em Cerdanyola del Vallés (Barcelona).


“Os resultados mostraram claramente que se trata do pigmento ‘azul egípcio’”, assinalou Vendrell, que referiu não poder ser outro tipo de substância, como azurite, lapis lazuli ou aerinite, já que “apenas existiam em terras longínquas e era muito difícil de obter fora das fronteiras económicas”.

O geólogo acrescentou ainda que não existem evidências de que na época medieval as pessoas soubessem criar este pigmento, fabricado com silicato de cobre e cálcio. “A hipótese mais provável é que os construtores da igreja se tenham deparado com restos do Período Romano que continham ‘azul egípcio’ e os tenham utilizado na construção para os quadros do retábulo de pedra”, continuou Vendrell. O conjunto de monumentos feitos pelas igrejas de Sant Pere, Sant Miquel e Santa María de Terrassa foram “construídos sobre antigos assentamentos ibéricos e romanos, e o pigmento muito valorizado poderia estar escondido no subsolo há muitos séculos”, concluiu.


Fonte: http://www.cienciah oje.pt/index. php?oid=42324&op=all

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